
A SpaceX anunciou a compra de um espectro de rádio da EchoStar por US$ 17 bilhões, com o objetivo de oferecer serviço completo de 5G diretamente de satélites para celulares. Segundo a empresa, o espectro adquirido possibilitará o lançamento de satélites com capacidade 20 vezes maior, viabilizando chamadas de vídeo mesmo em áreas remotas. No entanto, essa expansão depende do sucesso do foguete Starship, ainda em fase de desenvolvimento.
Embora a SpaceX domine o mercado de satélites em órbita baixa, sua atuação no segmento de conexão direta com celulares ainda é limitada. Atualmente, a companhia utiliza apenas uma faixa estreita do espectro da T-Mobile nos EUA, suficiente apenas para transmissão de mensagens de texto.
Analistas destacam que os novos satélites projetados para este serviço são grandes demais para o Falcon 9, foguete atualmente usado pela empresa. O Starship, capaz de transportar até 100 toneladas, é essencial para viabilizar a nova geração de satélites, embora a versão mais recente testada suporte apenas 35 toneladas.
Até agora, a SpaceX colocou 655 satélites da primeira geração em órbita com o Falcon 9, mas suspendeu lançamentos em junho, aguardando o Starship. Elon Musk promete que o foguete será reutilizável e reduzirá drasticamente os custos de lançamento, tornando o serviço mais acessível.
Apesar do alto investimento, especialistas afirmam que a SpaceX pode recuperar parte do valor alugando o espectro para operadoras móveis, com potencial de retorno entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões. Além disso, os US$ 8,5 bilhões em ações envolvidos na negociação reforçam o entusiasmo dos investidores, em meio a uma avaliação de mercado da empresa de US$ 400 bilhões.
O mercado de internet direta para celulares ainda é incipiente. A T-Mobile lançou recentemente um plano adicional de US$ 10 mensais, e analistas estimam que o potencial inicial alcance apenas alguns bilhões de dólares. A EchoStar vendeu o espectro diante de dificuldades financeiras e pressão regulatória, embora seu fundador, Charlie Ergen, tenha mantido forte posição nas negociações devido à eficiência única do espectro.
O acordo também pode influenciar grandes players, como a Apple, que poderia substituir a parceria com a Globalstar pela SpaceX como fornecedora de internet direta para dispositivos — desde que o Starship atinja seu desempenho esperado. Caso o foguete continue enfrentando problemas, a empresa pode recorrer a versões menores de satélites, como o Starlink V2 mini, ainda abaixo da capacidade prevista para a nova geração.
Segundo Caleb Henry, analista da Quilty Space: “Para que seja tão disruptivo quanto a SpaceX deseja, precisamos ver uma melhora significativa no desempenho”.