
O Secretário do Interior dos Estados Unidos, Doug Burgum, causou surpresa no cenário internacional ao defender o uso de combustíveis fósseis como motor da corrida global pela Inteligência Artificial (IA). Segundo ele, a tecnologia representa a maior ameaça existencial para a humanidade, superando até mesmo os desafios das mudanças climáticas.
Em evento do setor de gás natural na Itália, Burgum, ex-executivo de software e atual membro do governo Trump, afirmou que, embora se preocupe com as questões climáticas, “tudo isso tem solução”, e que a prioridade real é garantir a liderança dos EUA na competição tecnológica internacional.
“A verdadeira ameaça existencial neste momento não é a mudança climática. É o risco de perder a corrida armamentista se não tivermos poder suficiente”, declarou Burgum, que vendeu sua empresa de software à Microsoft por US$ 1,1 bilhão em 2001. Para ele, depender exclusivamente de energias renováveis para alimentar o avanço da IA não é viável.
O secretário também criticou investimentos globais em energia eólica, solar e baterias, alegando que esses esforços elevaram custos sem trazer benefícios concretos.
A visão de Burgum reflete a postura de grandes empresas de tecnologia que buscam fontes de energia capazes de suprir a demanda crescente de seus data centers. O Google, por exemplo, eliminou referências à promessa de neutralidade de carbono após reportar aumento de 48% em suas emissões desde 2019, impulsionadas em grande parte pela IA.
A Meta anunciou que seu maior data center será alimentado por turbinas de gás natural, enquanto a xAI, de Elon Musk, também recebeu críticas pelo lançamento de gases nocivos em sua usina próxima ao data center.
A posição do secretário contrasta com alertas científicos que indicam que o planeta já ultrapassou a marca de 1°C de aquecimento e caminha para um aumento de 2,7°C a 3°C até 2100. O crescimento da demanda energética da IA tende a agravar este cenário, ao contrário da avaliação de Burgum sobre a mudança climática.
O governo Trump, sob a liderança de Burgum, mantém apoio consistente aos combustíveis fósseis. Um porta-voz do Departamento do Interior chegou a afirmar que derrotar a China na corrida da IA é mais relevante do que investir em energia renovável, classificando questionamentos da imprensa como “sensacionalistas e mal informados”.