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BNCC Computação: Brasil Pode Aprender com Experiências Internacionais para Garantir Competências Digitais

Estudo revela práticas globais de ensino de Computação e recomenda estratégias para implementação eficaz da BNCC até 2026

Enquanto o Brasil se prepara para implementar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Computação em todas as redes de ensino até 2026, experiências internacionais indicam que é possível estruturar políticas consistentes e assegurar que todos os estudantes desenvolvam competências digitais essenciais. É o que aponta o estudo “Currículos de Computação: Levantamento e Recomendações”, promovido pela Fundação Telefônica Vivo e Movimento pela Base, com execução do Vozes da Educação.

O levantamento, realizado entre novembro e dezembro de 2024, alerta que redes de ensino que não se mobilizarem podem enfrentar prejuízos pedagógicos e financeiros. A inclusão da BNCC Computação define direitos de aprendizagem que devem ser garantidos a todos os estudantes e passa a ser critério relevante para o recebimento do VAAR (Valor Anual/Aluno por Resultado) – indicador do Fundeb que mede investimentos considerando matrículas e desempenho educacional. Conforme as Resoluções CEB/CNE nº 1/2022 e nº 2/2025, os referenciais curriculares precisam contemplar normas relacionadas à Computação na Educação Básica, com comunicação oficial sobre o alinhamento. Redes que não incorporarem esses ajustes até o final de 2025 deverão adequar seus currículos para não comprometer recursos nos anos seguintes.

Segundo Lia Glaz, diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo, “a BNCC Computação garante direitos de aprendizagem essenciais para preparar crianças e jovens para uma sociedade digital. Não é um conteúdo eletivo, mas parte fundamental da trajetória escolar, evitando o aumento das desigualdades educacionais”.

Experiências internacionais

O estudo analisou políticas de Computação em oito territórios: Austrália, Canadá (Ontário), Chile, Estados Unidos (Arkansas e Nevada), Nova Zelândia, Portugal e Reino Unido, avaliando currículo, formação docente, recursos pedagógicos e avaliação de aprendizagem.

Em países como Austrália, Chile, EUA, Portugal, Nova Zelândia e Reino Unido, a Computação é tratada como disciplina específica, com conteúdos próprios em diferentes etapas da Educação Básica. Em Ontário (Canadá), as habilidades de Computação são integradas de forma transversal a Matemática, Ciências e Linguagens.

Todos os territórios oferecem formação continuada para professores, e em sete deles há exigência de formação inicial específica em Computação. Nos EUA, estados como Arkansas e Nevada requerem aprovação em exames de certificação, como o Praxis.

Os recursos pedagógicos incluem planos de aula, plataformas digitais, bibliotecas e kits de robótica. No Chile, o Ministério da Educação disponibiliza livros digitais gratuitos, enquanto Austrália, Chile e EUA aplicam avaliações nacionais amostrais para monitorar a aprendizagem e orientar políticas públicas.

Recomendações para o Brasil

O relatório sugere que os referenciais curriculares brasileiros alinhem-se à BNCC Computação, contemplando os três eixos estruturantes – Pensamento Computacional, Cultura Digital e Mundo Digital – e a progressão das aprendizagens. Recomenda-se o desenvolvimento de materiais didáticos de qualidade, adaptados a diferentes contextos, e a oferta de formação docente específica, incluindo conteúdos de Computação em cursos de Pedagogia e licenciaturas, além de trilhas de formação continuada.

Para avaliações, o estudo aponta a necessidade de instrumentos que acompanhem a aprendizagem, com rubricas, sequências avaliativas e futuras avaliações externas em larga escala. Planos estaduais com cronogramas escalonados, suporte pedagógico e monitoramento sistemático também são recomendados.

Exemplos que inspiram

Entre os casos analisados, destacam-se:

  • Austrália: Programa Tecnologias Digitais em Foco apoiou 160 escolas vulneráveis com formação docente personalizada, planos de ação e mentorias.

  • Chile: Livros didáticos digitais com módulos interativos, guias pedagógicos e atividades de aprendizagem ativa. A campanha Hora do Código popularizou a programação entre crianças.

  • Estados Unidos (Arkansas): Computação obrigatória da pré-escola ao Ensino Médio, requisito para conclusão da Educação Básica.

  • Reino Unido: Computing Quality Framework (CQF) oferece avaliação e suporte técnico às escolas, promovendo colaboração, boas práticas e progresso contínuo.

Carol Campos, diretora-executiva do Vozes da Educação, reforça que “o Brasil pode aprender com essas experiências para garantir que o direito à aprendizagem em Computação seja uma realidade para todos os estudantes”.

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