
A Petrobras estuda a proposta da gestora IG4 Capital para assumir o controle da Braskem, maior petroquímica da América Latina. O plano prevê a compra de dívidas bilionárias da Novonor (ex-Odebrecht), atual acionista majoritária da companhia, que seriam convertidas em participação acionária.
O movimento, se concretizado, pode alterar profundamente a estrutura de governança da Braskem. Hoje, a Novonor detém 50,1% das ações com direito a voto, enquanto a Petrobras possui cerca de 47%.
Segundo fontes próximas às negociações, a IG4 obteve exclusividade para tratar da operação com os principais credores da Novonor, incluindo o BNDES. A troca de dívida por ações abriria espaço para a entrada de um novo controlador, capaz de injetar capital e ajudar a empresa a enfrentar suas dificuldades financeiras e passivos ambientais — entre eles, o desastre do afundamento de solo em Maceió.
O tema também tem respaldo político. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já manifestou preocupação com a saúde financeira da Braskem e pediu à presidente da Petrobras, Magda Chambriard, que acompanhe de perto a negociação para garantir os interesses da estatal.
Em paralelo, a Petrobras tenta ampliar seu poder na administração da companhia. Apesar de deter quase metade das ações votantes, a estatal indica apenas quatro dos onze conselheiros e um dos sete diretores-executivos.
Outros interessados, como o empresário Nelson Tanure, ainda não estão totalmente descartados, mas enfrentam entraves jurídicos e ambientais que dificultam sua entrada no negócio.
Se a proposta da IG4 for aprovada, a Braskem pode ganhar fôlego para atravessar uma fase de crise e reposicionar-se no mercado, enquanto Petrobras reforça sua influência em um ativo estratégico para o setor petroquímico brasileiro.