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Microsoft enfrenta protestos internos por uso de tecnologia em apoio a militares israelenses

Manifestantes invadem sede da empresa em Redmond exigindo o fim do contrato com Israel; Microsoft confirma investigação sobre uso do Azure em ações militares

A Microsoft solicitou a intervenção da polícia após manifestantes invadirem um prédio em sua sede, em Redmond, Washington, durante um protesto contra o alegado uso de sua tecnologia pelos militares de Israel na ofensiva em Gaza.

Na terça-feira, integrantes do grupo No Azure for Apartheid, formado por funcionários e ex-funcionários da Microsoft, ocuparam um dos prédios do campus e conseguiram acesso ao escritório de Brad Smith, presidente da companhia. Os manifestantes entregaram uma intimação judicial e protestaram contra o envolvimento da Microsoft com as Forças de Defesa de Israel.

“Quando sete pessoas invadem um prédio, ocupam um escritório, impedem o acesso de outros funcionários e instalam dispositivos de escuta, como celulares escondidos sob sofás e atrás de livros — isso é inaceitável”, afirmou Brad Smith em entrevista coletiva.

Segundo Smith, duas das sete pessoas que participaram da invasão eram funcionários ativos da empresa. A polícia de Redmond foi acionada e retirou os manifestantes do prédio. Ele também afirmou que a Microsoft respeita a liberdade de expressão, mas que qualquer comportamento ameaçador pode resultar em medidas disciplinares.

Durante o protesto, o grupo exigiu que a Microsoft encerrasse seus vínculos com o governo de Israel e denunciasse o que chamam de genocídio em Gaza. O movimento também questiona o uso da infraestrutura de nuvem Azure por parte dos militares israelenses, supostamente empregada para armazenar chamadas telefônicas de palestinos — informação divulgada pelo jornal The Guardian. Em resposta, a Microsoft autorizou uma auditoria externa para investigar o caso.

Smith explicou que a maior parte do trabalho da Microsoft com Israel está relacionada à cibersegurança. Reforçou ainda que a empresa está comprometida com o uso ético da tecnologia e demonstrou solidariedade tanto às vítimas do ataque do Hamas em outubro de 2023 quanto aos civis mortos em Gaza desde então.

As manifestações fazem parte de uma série de protestos organizados pelo grupo No Azure for Apartheid, que também marcou presença em eventos como a conferência Build e a comemoração dos 50 anos da Microsoft. Segundo a Bloomberg, um diretor da empresa chegou a acionar o FBI durante os protestos recentes.

Na semana anterior, ações do mesmo grupo resultaram em 20 prisões em um único dia, embora 16 dos detidos não fossem funcionários da empresa.

Casos semelhantes já ocorreram em outras big techs. Em 2024, o Google demitiu 28 funcionários após protestos envolvendo contratos da empresa com o governo israelense, inclusive com a invasão do escritório de Thomas Kurian, CEO da Google Cloud.

A situação reacende o debate sobre o papel das grandes empresas de tecnologia em conflitos militares e o uso ético de plataformas como a nuvem Azure em cenários de guerra e vigilância.

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