
Desde que perdeu seu filho Riley, de 15 anos, que cometeu suicídio após ser vítima de sextorsão pelo Messenger da Meta, Mary Rodee tem se dedicado a pressionar por mais segurança para crianças na internet.
“Eu os considero os únicos responsáveis”, afirmou Rodee em entrevista à CNBC, referindo-se à Meta. “Eles têm a responsabilidade pela segurança dos usuários.”
Mary está entre pais que questionam organizações que, apesar de defenderem a proteção infantil, recebem recursos financeiros da Meta e outras redes sociais. Um exemplo é a Associação Nacional de Pais e Mestres (PTA), que trabalha com escolas e famílias para promover a segurança e o bem-estar das crianças.
Um relatório recente do Tech Transparency Project acusa a parceria da Meta com a PTA de dar uma falsa imagem de apoio especializado às plataformas da empresa, ajudando a Meta a minimizar os riscos do Instagram e outros serviços para adolescentes.
“À medida que a Meta enfrenta críticas crescentes sobre o impacto nas crianças, usa estratégias para moldar o debate público”, diz o relatório.
A Meta é patrocinadora da PTA desde pelo menos 2010, período em que as duas entidades colaboram para divulgar iniciativas de segurança infantil. No entanto, o valor dessas parcerias não é divulgado publicamente.
“É imperdoável”, desabafa Mary Rodee, de Nova York. “Esses grupos se iludem pensando que o dinheiro recebido é ‘limpo’, mas há sangue nessas mãos.”
A Meta e a PTA afirmam que a colaboração busca educar pais e filhos sobre ferramentas de proteção digital e segurança online.
Riley foi vítima de chantagem no Messenger, onde um perfil falso exigiu US$ 3.500. Diante da pressão, ele tirou a própria vida. Casos como esse têm aumentado: o Departamento de Segurança Interna dos EUA recebeu mais de 3 mil denúncias de sextorsão em 2022.
Em 2023, a Comissão Federal de Comércio (FTC) acusou a Meta de enganar pais sobre o controle de comunicação no Messenger Kids, acusação que a empresa contesta.
Além disso, um processo federal de 2024 alega que plataformas como Instagram e Facebook foram projetadas para viciar jovens, mencionando a PTA como ferramenta da Meta para alcançar crianças nas escolas.
Em setembro de 2024, a Meta lançou “Contas para Adolescentes” no Instagram, mas a eficácia das proteções ainda é questionada por especialistas e grupos de defesa.
Outras organizações, como Smartphone Free Childhood US e Parents for Safe Online Spaces, também criticam a PTA por aceitar financiamento de empresas de mídias sociais que, segundo eles, colocam crianças em risco.
Além da Meta, a PTA recebe patrocínio de Google, YouTube, TikTok e Discord — este último doou mais de US$ 300 mil em 2024, mesmo com críticas crescentes ao impacto dessas plataformas sobre jovens.
Enquanto a Meta afirma investir em segurança, grupos bipartidários de procuradores-gerais a processam por criar ambientes viciantes para crianças.
“Essas associações são organizações confiáveis, mas apoiar empresas que exploram crianças para lucro é simplesmente imperdoável”, conclui Mary Rodee.