
Um idoso norte-americano de 76 anos faleceu após acreditar que uma mulher com quem se comunicava pelo Messenger fosse real, mas, na verdade, tratava-se de um chatbot criado pela Meta. Conforme divulgado pela Reuters, Thongbue Wongbandue desenvolveu um apego emocional pela personagem virtual chamada “Big sis Billie”, uma inteligência artificial inicialmente lançada em parceria com a influenciadora Kendall Jenner.
Após sofrer um AVC, o aposentado apresentou dificuldades cognitivas e passou a manter conversas com tom romântico com a suposta “mulher”. A IA chegou a enviar um endereço fictício em Nova York, convidando-o a visitá-la. Convencido da autenticidade do encontro, Wongbandue saiu de casa à noite com uma mala de viagem, mas sofreu uma queda em um estacionamento durante o trajeto, resultando em ferimentos graves. Três dias depois, ele foi declarado morto no hospital.
Especialistas em design de inteligência artificial consultados pela agência alertam que o modelo de negócios das grandes empresas de tecnologia prioriza o engajamento dos usuários, mesmo que isso envolva a criação de vínculos emocionais com personagens virtuais. Essa prática aumenta os riscos para pessoas vulneráveis, como idosos e adolescentes, que podem se confundir diante das interações com IAs.
Debate e necessidade de regulamentação
A morte de Wongbandue provocou uma onda de discussões sobre a urgência de legislações mais rígidas para o uso de chatbots em plataformas digitais. Alguns estados dos EUA, como Nova York e Maine, já exigem que as redes sociais informem claramente que avatares e personagens virtuais não são pessoas reais. No entanto, ainda não há uma regulamentação federal que padronize essas exigências.
A família do idoso ressalta que o objetivo é alertar a sociedade sobre os perigos desses sistemas. Para eles, o problema não está na existência dos assistentes digitais, mas no fato de que a Meta permitiu que a IA mentisse sobre sua identidade e incentivasse encontros presenciais, aumentando o risco de tragédias.