
Em meio ao aumento da tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, a indústria nacional projeta um crescimento mais modesto para 2025. Segundo o Informe Conjuntural do 2º trimestre, divulgado nesta terça-feira (19/8) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) do setor industrial caiu de 2% para 1,7%.
O presidente norte-americano, Donald Trump, assinou, em 31 de julho, uma ordem executiva que oficializou a sobretaxa de 50% sobre produtos exportados do Brasil para os EUA. Na prática, a tarifa combina uma alíquota inicial de 10% anunciada em abril com 40% adicionais.
Quase 700 produtos ficaram fora da segunda rodada de sobretaxa, incluindo suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro. Para esses itens, permanece apenas a taxa de 10%. As tarifas entraram em vigor em 6 de agosto.
Enquanto a indústria perde fôlego, o setor agropecuário deve sustentar grande parte da expansão econômica brasileira. A estimativa de crescimento da agropecuária foi elevada de 5,5% para 7,9%, impulsionada por safra recorde, produção animal e condições climáticas favoráveis.
Combinado a um mercado de trabalho aquecido, o setor agropecuário ajuda a manter a projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2,3% em 2025, o menor ritmo em cinco anos. O diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, ressalta que a composição do crescimento deste ano não é tão positiva quanto em 2024:
“Os setores mais próximos do ciclo econômico, como indústria e serviços, têm apresentado dinamismo menor. O PIB se mantém pela forte safra agrícola e mercado de trabalho aquecido, mas a composição do crescimento é menos favorável”, avalia.
Exportações perdem força
Entre janeiro e julho, o volume de exportações brasileiras cresceu 2%, mas os preços recuaram 2%, mantendo o valor em US$ 198 bilhões, próximo aos US$ 197,8 bilhões registrados no mesmo período de 2024.
Nos sete primeiros meses de 2025, a indústria de transformação exportou US$ 19 bilhões para os EUA, alta de 7% em relação a 2024. Esse resultado, porém, foi influenciado pela antecipação de compras de empresas americanas diante da nova política comercial.
Diante do cenário, a CNI reduziu a projeção de exportações para US$ 341,9 bilhões em 2025, queda de US$ 5,4 bilhões em relação ao relatório anterior. A balança comercial deve fechar o ano com superávit de US$ 56,6 bilhões, 14% inferior ao de 2024.
As importações também devem crescer, atingindo US$ 285,2 bilhões, acima da previsão anterior de US$ 283,3 bilhões, impulsionadas pelo aumento na compra de bens intermediários e de capital no início do ano.