
O CEO da OpenAI, Sam Altman, fez um alerta direto sobre o progresso da China no campo da inteligência artificial (IA), afirmando que os Estados Unidos podem estar subestimando tanto a velocidade quanto a complexidade do avanço tecnológico chinês. Segundo ele, as atuais políticas de controle de exportação de semicondutores dos EUA não são suficientes para conter o crescimento do país asiático no setor.
“Estou preocupado com a China”, disse Altman durante um encontro com um seleto grupo de jornalistas no Presídio de São Francisco, a poucos quilômetros do primeiro escritório da OpenAI. Em tom direto, o executivo ressaltou que a corrida entre EUA e China não se resume a quem está na frente, mas envolve múltiplas camadas: capacidade de inferência, pesquisa, desenvolvimento de produtos e infraestrutura.
Controles de exportação são ineficazes, diz Altman
Mesmo com as recentes restrições impostas pelos EUA à exportação de chips avançados para a China, Altman demonstrou ceticismo quanto à eficácia dessas medidas. “Você pode controlar uma coisa, mas talvez não a coisa certa… talvez construam fábricas ou encontrem outras rotas”, afirmou, em referência à possível autonomia da China na fabricação de semicondutores.
Segundo ele, limitar o envio de GPUs para a China não resolve o problema em sua raiz. “Meu instinto me diz que isso não funciona. Eu adoraria uma solução fácil, mas meu instinto diz: isso é difícil”, concluiu.
Um cenário geopolítico cada vez mais tenso
As declarações de Altman vêm em um momento delicado para a política de tecnologia dos EUA. O governo Biden já havia reforçado os controles sobre exportações de chips, mas o ex-presidente Donald Trump foi além, interrompendo completamente o envio de semicondutores avançados, mesmo aqueles adaptados para atender às regras anteriores.
Recentemente, no entanto, os EUA criaram uma exceção para chips considerados “seguros para a China”, permitindo a retomada das vendas por meio de um acordo inédito que exige que Nvidia e AMD repassem 15% da receita obtida com essas transações ao governo federal.
Enquanto isso, empresas chinesas, como Huawei, seguem desenvolvendo alternativas domésticas, alimentando a dúvida sobre se o bloqueio realmente está surtindo efeito.
Influência chinesa levou OpenAI a abrir modelos de linguagem
O avanço da China também influenciou diretamente a estratégia da OpenAI. Altman revelou que a crescente presença de modelos chineses de código aberto, como o DeepSeek, foi um dos fatores decisivos para que a empresa lançasse recentemente seus próprios modelos de peso aberto — algo que não acontecia desde o GPT-2, em 2019.
“Se não fizéssemos isso, o mundo seria construído principalmente sobre modelos chineses de código aberto”, afirmou. Embora essa não tenha sido a única motivação, ele admitiu que teve um peso significativo na decisão.
Neste mês, a OpenAI liberou dois modelos de linguagem de peso aberto: gpt-oss-120b e gpt-oss-20b. Eles foram projetados como opções acessíveis, que desenvolvedores e pesquisadores podem baixar, rodar localmente e personalizar de acordo com suas necessidades.
Vale destacar que, apesar do nome, modelos de peso aberto não são necessariamente código aberto. A OpenAI não disponibilizou o código-fonte completo nem os dados utilizados no treinamento dos modelos — apenas os parâmetros que determinam como eles funcionam.