Empresa chinesa revela robô com útero artificial capaz de gestação completa
Protótipo deve chegar em 2026, oferecendo esperança a casais inférteis e suscitando amplos debates éticos

A Kaiwa Technology, empresa sediada em Guangzhou, China, anunciou durante a World Robot Conference 2025 um projeto inédito: um robô humanoide equipado com um útero artificial, capaz de reproduzir todas as fases da gestação — da fertilização ao nascimento. O protótipo está previsto para ser lançado em 2026, com preço estimado abaixo de 100 mil yuans (cerca de R$ 73 mil).
Segundo o fundador da empresa, Dr. Zhang Qifeng, que também tem vínculo com a Nanyang Technological University em Singapura, a tecnologia já se encontra em estágio avançado em laboratório. O próximo passo é integrar o útero ao corpo robótico, permitindo interação entre a máquina e o processo gestacional humano.
A inovação é vista como uma alternativa para pessoas que enfrentam infertilidade ou desejam evitar os riscos e desconfortos da gravidez biológica. Porém, o anúncio gerou discussões intensas sobre as implicações éticas e jurídicas, como a definição de maternidade, a ausência de vínculo afetivo materno e os limites da reprodução assistida.
As autoridades da província de Guangdong já discutem possíveis regulamentações e políticas públicas relacionadas à nova tecnologia. Especialistas alertam que, embora existam precedentes científicos — como os chamados biobags, que mantiveram cordeiros prematuros vivos em úteros artificiais por semanas —, a transição para gestações humanas completas ainda apresenta inúmeros desafios técnicos e de segurança.
O anúncio também reflete o contexto demográfico da China, que enfrenta crescentes índices de infertilidade, passando de 11,9% em 2007 para 18% em 2020. A expectativa é que, se viável, a tecnologia possa ser incorporada às estratégias de saúde e políticas familiares do país.