
A Rússia anunciou, na última quarta-feira (13), novas restrições para chamadas de voz no WhatsApp e Telegram, alegando o combate a crimes como golpes, extorsões e o suposto recrutamento de cidadãos para atividades de sabotagem e terrorismo. A medida foi divulgada pelo regulador de mídia e internet Roskomnadzor.
O bloqueio atinge diretamente cerca de 96 milhões de usuários mensais do WhatsApp e mais de 89 milhões do Telegram no país, segundo dados do serviço de monitoramento Mediascope. Apesar de a autoridade ter citado apenas chamadas de voz, usuários relataram também dificuldades para realizar videochamadas em ambas as plataformas.
De acordo com o Roskomnadzor, as empresas ignoraram pedidos repetidos para adotar “contramedidas” contra o uso criminoso dos aplicativos. O órgão exige que mensageiros estrangeiros forneçam acesso a dados de usuários sempre que solicitado pelas autoridades russas. “O acesso às chamadas será restaurado quando passarem a cumprir a legislação russa”, declarou o regulador.
Contexto e controle da internet russa
A restrição faz parte de um processo de endurecimento do controle online no país desde a invasão da Ucrânia, em 2022. Recentemente, o governo aprovou uma lei que pune quem acessar conteúdos considerados ilícitos e anunciou planos para substituir mensageiros estrangeiros por um aplicativo doméstico chamado Max, criticado por supostamente permitir vigilância estatal.
Resposta das empresas
O WhatsApp afirmou que seu sistema de criptografia “resiste a tentativas governamentais de violar o direito à comunicação segura” e classificou as restrições como uma tentativa de impedir que mais de 100 milhões de russos acessem a plataforma.
Já o Telegram disse à AFP que combate ativamente o uso indevido do serviço e remove “milhões de conteúdos nocivos por dia”, incluindo convocações para atos de violência ou sabotagem.