
Em reação ao “tarifaço” de até 50% imposto pelos Estados Unidos, o governo federal lançou o Plano Brasil Soberano, um pacote emergencial voltado a proteger empresas exportadoras brasileiras. Entre as ações anunciadas estão uma linha de crédito especial de até R$ 30 bilhões com juros reduzidos, diferimento de tributos federais por dois meses e o retorno do Reintegra, com alíquotas de até 6% para micro e pequenas empresas e de 3,1% para médias e grandes.
O pacote também inclui a prorrogação por um ano do regime de Drawback, que amplia o prazo para exportações com suspensão de tributos sobre insumos importados, além de melhorias nos instrumentos de garantia à exportação. Segundo o governo, as medidas têm foco nos setores mais impactados pela alta tarifária norte-americana, buscando impacto imediato sem comprometer a sustentabilidade fiscal.
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Ricardo Alban, classificou o plano como um alívio necessário, mas reforçou que soluções emergenciais não resolvem o problema no longo prazo. Ele destacou que o momento exige não apenas medidas paliativas, mas também políticas estruturais para ampliar a competitividade, investir em inovação e garantir segurança jurídica. Alban ainda defendeu a manutenção do diálogo com os EUA e a busca por novos acordos comerciais, especialmente com blocos como o Mercosul e a União Europeia.
A reação do setor foi mista. Entidades como a Fiesp e a FecomercioSP elogiaram as iniciativas, considerando-as importantes para preservar empregos e competitividade. Já a Fiemg alertou que, apesar do fôlego inicial, as ações não atacam a raiz do problema e exigem rapidez e clareza na aplicação para que os recursos cheguem efetivamente às empresas.
O impacto tarifário é significativo. Dados da CNI indicam que 77,8% das exportações brasileiras para os Estados Unidos estão sujeitas a sobretaxas, variando entre 10%, 25%, 40% e 50%. Setores como vestuário, máquinas, têxteis, alimentos, químicos e calçados estão entre os mais prejudicados, somando bilhões de reais em valor exportado no último ano.
Para a CNI, a aprovação célere da medida provisória que viabiliza o pacote é fundamental. A entidade defende que o plano seja um ponto de partida para reformas mais profundas e estratégias de diversificação de mercados, garantindo que a indústria nacional tenha condições de enfrentar crises comerciais e manter sua competitividade no cenário global.