A Petrobras anunciou, na noite de quinta-feira (7), que seu conselho de administração aprovou o retorno da estatal ao mercado de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha. Essa decisão marca uma reviravolta estratégica, já que, em 2020, a empresa havia privatizado a Liquigás, sua subsidiária responsável pela distribuição do produto, vendendo-a para os grupos Copagaz e Nacional Gás Butano.
A medida ocorre em um contexto no qual o governo federal, principal acionista da Petrobras, tem expressado preocupação com os altos preços do GLP praticados no mercado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, criticou publicamente os preços elevados do botijão de gás, que chegam a ultrapassar R$ 140 em algumas regiões, apesar de o custo de produção ser significativamente inferior.
Segundo a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, o interesse da empresa em retornar ao setor de distribuição de GLP está relacionado à alta margem de lucro observada nesse mercado. Ela destacou que, entre 2019 e 2023, a margem líquida das distribuidoras cresceu 188%, passando de R$ 285,22 para R$ 821,90 por tonelada.
A Petrobras já iniciou a busca por grandes clientes industriais e comerciais para a venda direta de GLP. A empresa possui infraestrutura adequada, como o Complexo de Energias Boaventura (antigo Comperj), em Itaboraí (RJ), que processa gás natural do pré-sal e inclui o GLP entre seus produtos.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) apoiou a decisão, considerando-a uma vitória para os trabalhadores e uma medida para combater a concentração de mercado e os altos preços praticados pelos distribuidores privados.
Essa reentrada da Petrobras no mercado de distribuição de gás de cozinha sinaliza uma mudança na estratégia da empresa, que busca ampliar sua atuação e contribuir para a redução dos preços do GLP, beneficiando consumidores e fortalecendo sua posição no setor energético.
