Mais que música: o Cine Rock mostra como o interior pode ser palco de potência cultural
Por Iana Furst

Não é só sobre música. Não é só sobre luzes, sons e aplausos. É sobre criar experiências que nos arrepiam, nos reúnem e nos lembram de onde viemos. É sobre fazer da cultura um ato vivo, presente e coletivo. Quando um evento se consolida como parte do calendário de uma cidade, ele deixa de ser apenas uma atração. Ele vira identidade. Vira memória. Vira transformação.
E foi exatamente isso que se viu no dia 26 de julho, na nona edição do Cine Rock, em Três Passos, no noroeste do Rio Grande do Sul. Um festival que, ano após ano, faz a cidade vibrar ao som de guitarras, baterias e vozes que nascem das calçadas do interior para o mundo. E o mais incrível: tudo isso acontece dentro de um cinema de 1955, o Cine Globo, que já se tornou símbolo de resistência cultural.
O festival não é apenas um evento. É um movimento. Uma explosão de energia criativa que mobiliza bandas de toda a região, fãs de várias cidades, famílias inteiras e diferentes gerações que se encontram sob o mesmo teto. Ou melhor, sob a mesma tela.
Esse espetáculo só acontece porque existem visionários que fazem acontecer. Nomes como Tiago Zagonel, Magna Zagonel e Levy, que transformaram o cinema da família em muito mais do que um espaço de exibição. O Cine Globo pulsa. Cresce. Conecta. Leva ao palco o humor, a música, o cinema e tudo aquilo que fortalece o que somos enquanto comunidade.
E o Cine Rock, por sua vez, é a alma roqueira da cidade estampada em alto e bom som. Bandas se preparam o ano inteiro para aquele momento. Novos talentos nascem diante de um público caloroso. Jovens se inspiram. Adultos revivem os tempos de rebeldia. Artistas são reconhecidos. E todos saem transformados.
É por isso que eventos como o Cine Rock não podem ser ignorados. Eles geram pertencimento. Fortalecem a economia criativa. Criam repertório. Formam público. E acima de tudo, deixam cicatrizes bonitas de memória afetiva. O tipo de marca que constrói cidades com alma e futuro.
Estive no Cine Rock e saí de lá com o coração batendo mais forte. Porque ali, dentro daquele cinema de calçada, vi o que de mais bonito a cultura pode fazer: unir, emocionar e dar sentido ao lugar onde vivemos.
O Cine Rock é barulho bom. É vida. É identidade em estado bruto. E que venham as próximas edições.
Creditos: Daniel Wink
Banda DGD de Horizontina