
Mesmo após a decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 15% ao ano, o Brasil continua ocupando o posto de segundo maior juro real do mundo. Segundo levantamento da consultoria econômica MoneYou, a taxa de juro real brasileira — que considera a inflação projetada para os próximos 12 meses — está em 9,76%, ficando atrás apenas da Turquia, com 10,88%.
O ranking, que abrange 40 países das Américas, Europa, Ásia, África e Oceania, é baseado na diferença entre a taxa de juros nominal e a inflação esperada. Esse indicador é fundamental para avaliar o grau de aperto monetário em uma economia, já que os juros reais representam o custo efetivo do dinheiro após descontada a inflação.
No mês anterior, o Brasil já figurava na segunda posição, com juro real de 9,53%, enquanto a Turquia liderava com 14,44%. A queda na taxa turca abriu margem para a aproximação do Brasil no topo do ranking, refletindo tanto o cenário doméstico de inflação controlada quanto a postura conservadora do Comitê de Política Monetária (Copom) diante das incertezas fiscais e econômicas.
A manutenção da Selic em 15% sinaliza a intenção do Banco Central de conter pressões inflacionárias futuras, sobretudo em um ambiente de instabilidade política e dúvidas sobre o equilíbrio das contas públicas. Com isso, o Brasil continua com um dos ambientes mais restritivos para concessão de crédito e investimento, o que pode frear a recuperação econômica, mas ao mesmo tempo reforça a atratividade do país para investidores internacionais em busca de rentabilidade.
A política monetária restritiva tende a permanecer enquanto o mercado não observar uma trajetória sustentável para a inflação e para a dívida pública, elementos cruciais para que o Banco Central possa iniciar um ciclo de afrouxamento monetário.