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Alta dos juros impacta indústria da construção em 2025 e derruba confiança dos empresários

Sondagem da CNI e CBIC mostra queda na confiança, intenção de investimentos e dificuldades com crédito no 2º trimestre de 2025, apesar de leve otimismo para o segundo semestre

As elevadas taxas de juros foram apontadas como o principal entrave da indústria da construção civil no segundo trimestre de 2025. É o que revela a Sondagem Indústria da Construção, divulgada nesta segunda-feira (28) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

De acordo com o levantamento, 37,7% dos empresários do setor citaram os juros altos como o maior problema enfrentado no período, um aumento em relação aos 35,3% registrados no primeiro trimestre. A alta carga tributária ficou em segundo lugar, mencionada por 30,5% dos entrevistados. Em terceiro, aparece a falta ou o alto custo de mão de obra qualificada, com 24,6%.

Segundo Isabella Bianchi, analista de Políticas e Indústria da CNI, os juros elevados penalizam duplamente o setor:

“Eles encarecem o crédito para os empresários que desejam investir e também para os consumidores que pretendem adquirir bens da construção civil”, explica.

Situação financeira e acesso ao crédito se deterioram

A percepção dos empresários em relação à situação financeira piorou. O índice de satisfação caiu 1,4 ponto, encerrando o trimestre em 45 pontos — abaixo da linha dos 50, que separa otimismo de pessimismo.

O mesmo movimento foi observado nos indicadores de lucro operacional, que caiu de 42,8 para 42,5 pontos, e de facilidade de acesso ao crédito, que recuou de 37,4 para 35,5 pontos — revelando maior dificuldade para financiar investimentos e operações.

Em contrapartida, o custo com insumos e matérias-primas apresentou desaceleração. O índice que mede a evolução dos preços desses itens caiu 3,7 pontos, fechando em 60,9.

Atividade tem leve avanço, mas emprego e capacidade recuam

O índice de evolução da atividade da construção civil foi de 48,8 pontos em junho, abaixo dos 49,9 registrados no mesmo mês em 2024 e 2023. O número de empregados também caiu no mês, marcando 48,3 pontos, inferior aos anos anteriores.

Já a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) recuou para 66%, após sete meses estável em 67%. O resultado é inferior aos 68% de junho de 2024 e aos 67% de 2023.

Confiança empresarial e intenção de investimento em queda

O Índice de Confiança do Empresário da Construção (ICEI) caiu para 47,1 pontos em julho de 2025, mostrando deterioração do sentimento no setor. A intenção de investimento também apresentou retração, passando de 42,8 para 40,4 pontos, embora ainda esteja acima da média histórica (38,1 pontos).

A queda é atribuída à visão mais negativa dos empresários sobre a economia brasileira e as condições das empresas no momento.

Expectativas para o segundo semestre seguem positivas

Apesar do cenário adverso, os empresários da construção civil mantêm expectativas positivas para o segundo semestre de 2025. O índice de expectativa para o número de empregados subiu 1,9 ponto, atingindo 52,9. A expectativa de compras de insumos e matérias-primas também avançou, chegando a 52,2 pontos.

Outros dois indicadores — expectativa de novos empreendimentos e serviços (50,5 pontos) e de nível de atividade (53,1 pontos) — seguem acima da linha dos 50 pontos, demonstrando otimismo moderado para os próximos meses.

Metodologia

A sondagem foi realizada entre os dias 1º e 10 de julho de 2025 e ouviu 305 empresas do setor da construção civil, sendo 118 pequenas, 123 médias e 64 grandes.

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