AGROINDÚSTRIANews
Tendência

Tecnologia no agro reduz trabalho no campo e impulsiona empregos na indústria e serviços

Avanço da tecnologia no campo reduz demanda por mão de obra agrícola tradicional, mas impulsiona novas carreiras na agroindústria, nas startups e nos serviços especializados em todo o país.

Nos últimos anos, o agronegócio brasileiro passou por uma profunda transformação graças à adoção de tecnologias como Internet das Coisas (IoT), drones, inteligência artificial e conectividade via redes 4G e 5G. Essa revolução tecnológica — conhecida como “agricultura 5.0” — tem reduzido a necessidade de mão de obra não qualificada no campo, transferindo o foco da ocupação rural para postos de trabalho mais especializados na agroindústria, serviços e tecnologia.

De acordo com dados do IBGE, o número de trabalhadores no campo vem caindo desde 2022, chegando em 2024 a 7,88 milhões de pessoas, o menor valor desde o início da série histórica em 2012. Essa queda de 3% no emprego rural contrasta com o crescimento nacional, que atingiu 2,6% no mesmo período.

Ainda assim, o agronegócio segue como um dos principais empregadores do país: em 2024 empregou mais de 28 milhões de pessoas, correspondendo a 26% dos empregos formais. Cerca de 611 mil empregos foram gerados em agrosserviços (+6,3%), com outros 303 mil criados na agroindústria (+6,7%),

A tecnologia está moldando um novo perfil profissional no agro. Segundo estudo da Agência de Cooperação Alemã (GIZ), em parceria com o SENAI e a UFRGS, profissões como técnico em agricultura digital, engenheiro agrônomo digital, operador de drones, cientista de dados agrícola e designer de máquinas agrícolas deverão somar 178,8 mil vagas nos próximos dois anos — mas apenas 32,5 mil profissionais estarão disponíveis para preenchê-las, evidenciando um gap de 82%.

No Centro-Oeste, um dos polos mais dinâmicos, houve um crescimento de 30% no número de profissionais que fazem a ponte entre o agro e a tecnologia. “Há uma perceptível mudança no perfil das vagas”, afirmou Glaucia Telles Benvegnú, da Hunter4Agro.

Além disso, a expansão de startups do agro (as agtechs) tem intensificado o desenvolvimento dessas tecnologias no campo. Em 2023, a Embrapa registrou crescimento de 11,5% no número dessas empresas em apenas um ano, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

As tecnologias disponíveis incluem sensores de solo conectados via IoT, drones para mapeamento e pulverização, e algoritmos de IA que analisam dados para apoiar decisões estratégicas sobre plantio, irrigação e uso de defensivos, reduzindo custos e impactos ambientais.

Com isso, cidades agrocentradas também se beneficiam: segundo o levantamento da Embrapa, a urbanização acelerada em municípios do Centro-Oeste, como Sinop e Sorriso, reflete a estruturação de uma economia mais diversificada, com crescimento em indústria, comércio e serviços.

A multiplicação de postos de trabalho na agroindústria e nos serviços locais representa um efeito cascada: indústrias de alimentos, moagem, móveis de madeira, processamento de carne e bens agroindústrias vêm registrando fortes altas de emprego — o setor de moagem e produtos amiláceos por exemplo cresceu 14,6% no número de vagas.

Essa dinâmica ilustra que a modernização do campo não elimina empregos, mas os transforma e expande os limites de atuação profissional. Cavando o solo com menos pessoas, mas conectando regiões inteiras a novos serviços, consultorias tecnológicas, startups rurais e logística especializada, o agro amplia sua vocação de propulsor econômico, gerando empregos valorizados e qualificados na indústria e no setor de serviços.


Em resumo:

  • A automação e a digitalização da agropecuária têm reduzido a ocupação no campo, ao mesmo tempo em que geram milhares de novos empregos em tecnologia, agroindústria e serviços.

  • As novas profissões do agro — como cientistas de dados, operadores de drones e técnicos em agricultura digital — enfrentam grande demanda e déficit de formação.

  • Regiões como o Centro-Oeste exemplificam o impacto transformador, com crescimento urbano e diversificação econômica.

  • O campo torna-se uma base tecnológica para o desenvolvimento industrial e de serviços, promovendo uma cadeia produtiva mais complexa e sofisticada.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo