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IBRAM se reúne com governo para debater impactos do tarifaço

IBRAM e governo brasileiro se reúnem para discutir os impactos da tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) promoveu, nesta segunda-feira (21/7), uma reunião com representantes do governo federal liderados pelo vice‑presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. O objetivo foi discutir alternativas diante da aplicação de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros, prevista para entrar em vigor nos Estados Unidos a partir de 1º de agosto

O encontro contou com executivos de mineradoras responsáveis por mais de 85% da produção mineral nacional, incluindo empresas como Vale, BHP, CBMM, Nexa e Samarco. Segundo aliados do setor, o governo prefere negociar com os EUA uma prorrogação de 60 a 90 dias para vigência da tarifa, permitindo tempo para ajustes em contratos e exportações, especialmente de produtos perecíveis e minérios já embarcados.

Geraldo Alckmin recomendou a organização de uma missão da indústria mineral aos Estados Unidos, com o intuito de envolver tanto empresas quanto parlamentares americanos no apoio às negociações com o governo do Brasil. A missão deve incluir encontros com o governo dos EUA e atores do setor privado norte-americano, como forma de ampliar interlocução bilateral e influenciar positivamente decisões sobre tarifas.

O diretor‑presidente do IBRAM, Raul Jungmann, alertou para o impacto de eventuais retaliações brasileiras aos EUA, que poderiam elevar custos de importação de maquinário pesado — como caminhões e moinhos — em US$ 1 bilhão por ano, comprometendo a competitividade do setor. O instituto estima que a tarifa americana poderá gerar prejuízos de até US$ 1 bilhão anuais à mineração nacional, considerando possíveis aumentos tarifários sobre equipamentos essenciais à operação interna.

Paralelamente, o governo federal estabeleceu um Comitê Interministerial que, desde 15 de julho, tem promovido um diálogo estruturado com setores produtivos como siderurgia, agronegócio, máquinas e mineração. O objetivo é construir propostas coordenadas para pressionar os EUA a renegociar ou adiar a aplicação das tarifas. Alckmin destacou que os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos e enfatizou que uma pressão tarifária unilateral representa um “perde‑perde” para ambos os países.

O encontro promovido pelo IBRAM com o governo federal sinaliza a construção de uma estratégia diplomática e econômica coordenada para mitigar os efeitos do tariffão americano. A proposta de missão bilateral aos EUA e os pedidos de prorrogação indicam uma tentativa de prolongar o diálogo e preservar contratos em andamento. O risco de retaliação interna reforça a necessidade de cautela: os custos em equipamentos importados podem comprometer a competitividade e os investimentos no setor mineral.

O Brasil agora aposta em unidade e articulação estratégica para evitar que o tarifaço leve à perda de mercados e à redução de investimentos em um setor vital à economia nacional.

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