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Crise na NASA: funcionários reagem a cortes e incertezas sob governo Trump

Carta assinada por 360 colaboradores denuncia redução de orçamento, perda de lideranças e risco para missões estratégicas

A NASA atravessa um período turbulento marcado por cortes de orçamento, reestruturações e a saída de lideranças-chave. Nos últimos seis meses, a agência espacial tem sido alvo de decisões que, segundo especialistas e colaboradores, colocam em risco não apenas seu funcionamento, mas também o futuro da exploração espacial dos Estados Unidos.

Em resposta, um grupo composto por 360 funcionários atuais e ex-colaboradores da NASA publicou a chamada Declaração Voyager, criticando abertamente as “mudanças rápidas e desnecessárias” na estrutura da agência. A carta aponta que a redução de pessoal e de verbas foi feita de maneira “arbitrária”, contrariando até mesmo a lei orçamentária aprovada pelo Congresso.

“Essas ações causaram impactos catastróficos na força de trabalho da NASA”, afirma o documento, pedindo ao governo dos EUA que reverta os cortes e preserve missões financiadas, projetos de pesquisa e parcerias internacionais.

Orçamento ameaçado e saídas estratégicas

Apesar do comprometimento declarado da agência com a segurança e a continuidade das missões, os cortes têm afetado diretamente a operação e o planejamento futuro. A saída anunciada de Makenzie Lystrup, diretora do Centro de Voos Espaciais Goddard, marcada para 1º de agosto, soma-se a outras perdas recentes, como a de Laurie Leshin, ex-diretora do Laboratório de Propulsão a Jato. Ao todo, mais de 2.000 funcionários em posições estratégicas podem deixar a agência, segundo reportagens recentes.

A instabilidade também é política. Desde maio, a NASA está sem liderança de longo prazo, após a retirada inesperada do nome de Jared Isaacman, aliado do presidente Trump e bilionário ligado ao setor de tecnologia. No momento, quem ocupa interinamente a chefia da agência é Sean Duffy, secretário de Transportes.

NASA sob pressão orçamentária

No último ano, a NASA recebeu US$ 24,875 bilhões, valor 8,5% menor que o solicitado originalmente e 2% abaixo do orçamento de 2023. Para 2026, a Casa Branca propôs um corte ainda mais drástico, reduzindo o orçamento para US$ 18,8 bilhões — o menor desde os tempos que antecederam a missão Apollo 11.

Apesar da proposta ter sido rejeitada por uma subcomissão da Câmara, o temor é de que o plano volte à pauta. Isso acontece em meio a declarações do próprio Trump, que afirma querer ampliar os esforços espaciais, incluindo o retorno à Lua e uma missão tripulada a Marte.

“Estamos construindo sobre o legado da Apollo 11”, declarou Trump, reforçando seu apoio a uma presença permanente na Lua e ao sonho de colonizar Marte. Pesquisas recentes apontam que esse objetivo tem respaldo popular: 67% dos americanos apoiam uma nova missão lunar e 65% aprovam a exploração tripulada do planeta vermelho, segundo levantamento da CBS News/YouGov.

Riscos para a ciência e o futuro espacial

Mesmo com esse apoio popular, os cortes de recursos e a falta de estabilidade política e administrativa preocupam a comunidade científica. A possível paralisação de missões e colaborações internacionais pode comprometer décadas de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e liderança global dos EUA no setor espacial.

Enquanto isso, a NASA segue tentando preservar suas operações essenciais, mesmo diante da incerteza. A porta-voz Bethany Stevens afirmou que qualquer redução será feita com foco em segurança e funções críticas.

Ainda assim, o clima dentro da agência é de alerta. O conteúdo da Declaração Voyager reforça o apelo por uma reavaliação estratégica, lembrando que “as consequências para a agência e para o país podem ser graves”.

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