
O setor imobiliário é responsável por quase 50% do consumo de energia elétrica no Brasil, segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME). Esse panorama é semelhante em países como Estados Unidos, China e diversas nações europeias, onde a dependência de gás natural — responsável por 36% do aquecimento de edifícios — e a crise energética provocada pelo uso de combustíveis fósseis russos aumentam o risco de pobreza energética.
Diante desse desafio global, a eficiência energética nos imóveis comerciais e residenciais se tornou uma prioridade estratégica. A União Europeia, por exemplo, estabeleceu metas ambiciosas: reduzir em 55% as emissões de gases de efeito estufa até 2030 e atingir a neutralidade de carbono até 2050. Uma das medidas é a Diretiva 2024/1275, que reforça políticas para corte no consumo de energia e incentiva o uso de fontes renováveis.
Para Patrícia Cavalcanti, vice-presidente de Digital Energy e Power Products da Schneider Electric para a América do Sul, integrar energia limpa em prédios comerciais traz ganhos em sustentabilidade e economia. “Além da redução de custos operacionais, posiciona as empresas como líderes em práticas ambientais responsáveis”, destaca.
Tecnologia e automação como aliadas da sustentabilidade
A construção de prédios inteligentes exige a integração eficiente e confiável de sistemas como iluminação, climatização (HVAC), energia e fontes renováveis. “Soluções avançadas de gestão predial permitem coletar e interpretar dados de forma precisa, otimizando o uso de energia e prolongando o ciclo de vida dos equipamentos”, explica Patrícia.
Um exemplo prático é o prédio da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, em São Paulo, que possui certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). O projeto conta com recursos de inteligência artificial e machine learning, aplicados à sustentabilidade, detecção de distúrbios elétricos e conforto térmico.
Outro destaque é o Centro de Distribuição Inteligente da Schneider Electric em Cajamar (SP). A unidade opera com 100% de energia renovável desde 2020 e evita a emissão de 130 toneladas de CO₂ por ano, além de reduzir em pelo menos 30% o consumo de água e energia.
Prédios inteligentes e o futuro da construção sustentável
A digitalização dos edifícios, por meio de tecnologias como a internet das coisas (IoT), está transformando imóveis em “máquinas inteligentes”. Com monitoramento em tempo real, é possível ajustar o consumo de energia conforme a demanda e identificar desperdícios, aumentando a eficiência energética de maneira significativa.
Essa abordagem também agrega valor ao empreendimento. Certificações como LEED e AQUA elevam a percepção de marca, atraem investidores e inquilinos e ainda impulsionam o valor de mercado das propriedades. Elementos como o design biofílico, que valoriza luz natural e conforto térmico, completam o pacote, trazendo bem-estar aos ocupantes.
Por fim, essa transformação não depende apenas da tecnologia, mas também de uma mudança cultural na forma de planejar, operar e modernizar os espaços. A integração de sistemas, o uso inteligente de dados e o compromisso com a sustentabilidade colocam o setor imobiliário na linha de frente da transição energética global.