
A The Document Foundation, organização responsável pelo desenvolvimento do LibreOffice, acusou a Microsoft de adotar táticas técnicas para impedir a migração de usuários para outras plataformas. Em um artigo publicado na última sexta-feira (18), o membro fundador Italo Vignoli afirmou que a Microsoft intencionalmente torna seu formato de arquivos OOXML extremamente complexo para criar uma dependência forçada ao seu ecossistema.
Segundo Vignoli, essa complexidade técnica serve como um mecanismo de “fidelização forçada ao fornecedor”, dificultando a interoperabilidade com outras suítes de escritório, como o LibreOffice, que adota o formato aberto ODF por padrão.
“Imagine um sistema ferroviário cujas vias são públicas, mas a principal fabricante de trens cria um sistema de controle tão complicado que apenas seus próprios trens conseguem operar totalmente. É assim que a Microsoft trata seus formatos”, compara Vignoli.
Complexidade proposital do OOXML
O OOXML (Office Open XML), utilizado por padrão em arquivos como .DOCX e .XLSX, é baseado em XML, assim como o ODF. No entanto, a The Document Foundation afirma que a Microsoft intencionalmente torna o OOXML excessivamente técnico e confuso. Entre os pontos criticados estão:
-
Estrutura de tags profundamente aninhadas
-
Abstração exagerada
-
Uso de centenas de elementos opcionais
-
Convenções de nomenclatura pouco intuitivas
-
Vários namespaces e curingas
-
Documentação escassa e de difícil compreensão
Essa complexidade, segundo Vignoli, mantém os usuários reféns de uma arquitetura fechada. “Os usuários são como passageiros de um sistema fechado, que não percebem as barreiras técnicas que restringem sua liberdade de escolha e abrem caminho para aumentos de preços injustificados”, afirma.
Crítica à migração forçada para o Windows 11
Além do formato de documentos, Vignoli também critica a forma como a Microsoft vem conduzindo a migração do Windows 10 para o Windows 11. Para ele, essa transição é forçada e sem justificativa técnica, servindo apenas para empurrar os usuários ao uso compulsório do Microsoft 365 e de serviços pagos integrados.
“Esse cenário se perpetua graças à inércia de governos e instituições que deveriam defender padrões abertos e interoperabilidade”, conclui.
A mensagem final da The Document Foundation é clara: “Complexidade aprisiona. Simplicidade e clareza libertam.”