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Hydro aposta em Tecnossolo para recuperar áreas mineradas e reduzir emissões no Pará

Iniciativa da Mineração Paragominas transforma resíduos orgânicos em solo fértil, promove economia circular e contribui para metas ambientais da COP 30

A Hydro, referência global em alumínio e energia renovável, está transformando a recuperação ambiental na Amazônia com uma iniciativa inovadora: o Tecnossolo, tecnologia desenvolvida na Mineração Paragominas que transforma resíduos orgânicos em insumo para solos degradados por mineração.

O projeto integra a agenda de sustentabilidade da empresa e contribui diretamente para a redução de emissões, promoção da economia circular e diminuição de custos operacionais. A ideia surgiu a partir do aproveitamento de resíduos alimentares — que antes seriam incinerados — transformados em um composto chamado torta orgânica, rico em nutrientes e capaz de regenerar áreas mineradas.

Desde 2015, a Mineração Paragominas evitou a emissão de mais de 2.137 toneladas de CO₂ e a incineração de 1,1 milhão de toneladas de resíduos. Em seu lugar, foram produzidas 1.166 toneladas de torta orgânica, representando economia superior a R$ 1,3 milhão. A Hydro, atualmente, gera 15 toneladas desse material por mês em três unidades (Paragominas, Albras e Alunorte), o suficiente para tratar 7.500 m² de solo.

Tecnossolo: solução sustentável para solos estéreis

O Tecnossolo surgiu dentro do Projeto IXOHA (palavra tupi-guarani que significa “vida”) e visa restaurar áreas mineradas com baixa disponibilidade de topsoil — a camada superficial do solo. A torta orgânica é misturada ao solo estéril, criando um substrato fértil que facilita o reestabelecimento da vegetação.

A Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) participou da primeira fase do projeto, com uma dissertação de mestrado que definiu a formulação ideal do Tecnossolo. Em 2024, a EMBRAPA entrou como parceira técnica, seguida pelo SENAI, que agora realiza análises físicas, químicas e biológicas do composto.

Hoje, a Mineração Paragominas já reflorestou mais de 15 hectares com Tecnossolo, e a expectativa é ampliar esse número com a evolução do projeto.

Economia circular e inovação na prática

O diferencial da iniciativa está na velocidade e eficiência de produção da torta orgânica. Enquanto a compostagem tradicional leva cerca de 90 dias, a Hydro consegue produzir o composto em apenas 48 horas, com auxílio de um equipamento que acelera o processo de desidratação e transformação dos resíduos — tudo sem aditivos químicos.

Esse material é fundamental para a recuperação de solos estéreis, que, por não conterem matéria orgânica, não conseguem reter fertilizantes. O Tecnossolo resolve esse problema, promovendo retenção de nutrientes e aumento da atividade biológica do solo, o que acelera o desenvolvimento da vegetação.

“O Tecnossolo fixa os fertilizantes no solo e garante que estejam disponíveis para as plantas. Esse ganho permite sua aplicação não apenas em áreas mineradas, mas também em áreas reflorestadas e até mesmo na agricultura”, explica Vicente Sousa, engenheiro ambiental da Hydro e doutorando em tecnossolo pela UFPA.

Expansão com novos insumos e impacto positivo

A próxima fase do projeto envolve a criação de novas formulações de torta orgânica, utilizando resíduos de baixo valor, como caroço de açaí e madeira em decomposição. A ideia é aumentar a escala da aplicação e acelerar a recuperação de novos hectares no Pará.

Além da Mineração Paragominas, as plantas da Hydro em Barcarena (Albras e Alunorte) aderiram à iniciativa. Na Alunorte, por exemplo, todo o resíduo antes incinerado agora vira insumo para Tecnossolo, reduzindo em cinco vezes os custos da operação e evitando a emissão de cerca de duas toneladas de CO₂ por mês.

Compromisso com a sustentabilidade e a COP 30

A iniciativa reforça o compromisso da Hydro com a sustentabilidade, inovação e cooperação interinstitucional. Além dos ganhos ambientais, o Tecnossolo gera conhecimento científico e serve de modelo replicável para outras indústrias.

Em um momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP 30, projetos como este colocam o Pará em posição de destaque na agenda climática internacional.

“Estamos apenas começando. Acreditamos que o Tecnossolo pode ser um exemplo global de como aliar recuperação ambiental, economia circular e geração de valor para comunidades e empresas”, conclui Vicente Sousa.

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