
O Brasil deu um importante passo no combate às arboviroses ao inaugurar, nesta segunda-feira (22), a maior biofábrica do mundo voltada à produção de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia. A estrutura, localizada em Campinas (SP), tem capacidade de liberar até 100 milhões de insetos por semana, todos voltados à redução da transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o World Mosquito Program (WMP). Os chamados “mosquitos do bem” carregam a bactéria Wolbachia, que impede que o Aedes aegypti transmita os vírus causadores dessas doenças. Ao se reproduzirem, eles passam a bactéria para as próximas gerações, tornando a população local de mosquitos cada vez menos capaz de transmitir vírus.
Com tecnologia inovadora e sustentável, a biofábrica representa um avanço no controle biológico de vetores. A expectativa do governo é que a distribuição em larga escala dos mosquitos ajude a reduzir drasticamente os casos de arboviroses em áreas urbanas de alto risco, especialmente em grandes centros como o Rio de Janeiro e São Paulo.
A produção inicial começa com 5 milhões de mosquitos por semana, com expansão gradual até atingir o limite de 100 milhões. O investimento federal é de cerca de R$ 300 milhões, com recursos voltados à estrutura física, operação e monitoramento das áreas de soltura.
Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a biofábrica “reforça o compromisso do Brasil com o controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, priorizando soluções científicas, sustentáveis e de longo prazo.”
Além de Campinas, a previsão é que outras cidades com alta incidência de arboviroses também passem a receber os mosquitos do bem. A estratégia faz parte de um plano nacional para conter surtos que, somente em 2024, causaram mais de 4 mil mortes por dengue no país.