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Reforma tributária exigirá do Serpro aumento histórico na capacidade de armazenamento de dados

Novo sistema fiscal deverá processar até 800 bilhões de operações por ano e armazenar 5,6 vezes mais dados do que os acumulados em 60 anos pela Receita Federal

Com a implementação da reforma tributária, o governo brasileiro enfrenta o desafio de criar um sistema capaz de registrar todas as operações de consumo realizadas no país. O volume estimado impressiona: até 25 mil transações por segundo, resultando em 70 bilhões de documentos fiscais e cerca de 800 bilhões de operações anuais.

Esse cenário representa um salto gigantesco na demanda por infraestrutura tecnológica e colocará à prova a capacidade do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados). De acordo com projeções, até 2032 – quando o novo modelo estará completamente em vigor – será necessário um volume de armazenamento 5,6 vezes maior do que o ocupado atualmente por todos os dados coletados em mais de seis décadas de atuação da Receita Federal.

“Estamos ampliando nossa infraestrutura e desenvolvendo as tecnologias necessárias. Toda a empresa está envolvida nessa transformação. Serão 14 sistemas novos, com outros ainda por vir. Estamos construindo as soluções e vamos sustentá-las”, afirma Robson Lima, gestor do Projeto Nacional da Reforma Tributária Brasileira no Serpro.

Comparações que dimensionam o desafio

Para ilustrar a magnitude do novo sistema, basta observar o volume atual de transações do PIX. Em 2024, foram realizadas 63,8 bilhões de operações, cada uma exigindo em média 256 bytes. No novo modelo fiscal, serão 70 bilhões de operações anuais, com demanda de 40 mil bytes por operação – um volume de armazenamento 156 vezes maior do que o exigido pelo sistema de pagamentos instantâneos.

Um dos pilares da reforma é a apuração assistida, mecanismo que automatizará o cálculo de créditos e débitos fiscais com base nas operações de consumo. Essa modernização exigirá, em sete anos, cerca de 62 petabytes de armazenamento de objetos — mais do que o dobro da atual capacidade de armazenamento em blocos do Serpro, que é de 26 petabytes.

Escala internacional

Hoje, o Serpro já processa 10 bilhões de notas fiscais eletrônicas de mercadorias por ano, o que representa a maior base de dados em produção da empresa e o maior caso de uso do SQL Server da Microsoft no mundo. Com a entrada em operação dos 70 bilhões de Registros de Operações de Consumo (ROCs) previstos para o novo sistema, será necessário multiplicar por 21 a capacidade atual de armazenamento da estatal.

Em comparação internacional, o projeto brasileiro se aproxima da escala de grandes sistemas globais, como o Aadhaar, da Índia, que gerencia dados biométricos de mais de 1,3 bilhão de cidadãos, e o sistema tributário chinês, que emitiu aproximadamente 200 bilhões de faturas eletrônicas em 2022.

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