Durante o Julho Sem Plástico, a Abrecon (Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição) reforça a necessidade de enxergar os resíduos plásticos no setor como um recurso estratégico — e não apenas como lixo comum
Materiais amplamente utilizados em obras — como tubos de PVC, caixas d’água de polietileno, EPS, conduítes e impermeabilizantes — ainda estão sendo descartados de forma inadequada após a conclusão dos projetos. Isso gera desperdício e danos ao meio ambiente.
De acordo com a Pesquisa Setorial 2024 da Abrecon, o Brasil produz mais de 106 milhões de toneladas de resíduos da construção civil por ano, mas apenas cerca de 25% é reciclado, enquanto 30% a 40% recebe destinação adequada. Ou seja, mais de 60% do entulho — inclusive plástico aproveitável — termina em descarte irregular
Rafael Teixeira, especialista em reciclagem e logística da Abrecon, destaca que a falta de separação na origem é o principal problema. “Quando os plásticos são misturados ao entulho, viram lixo comum e perdem o valor de reuso. Isso gera impacto ambiental e desperdício econômico. A responsabilidade pela destinação correta precisa ser compartilhada entre construtoras, transportadores e o poder público.”
Além do volume visível de resíduos, o descarte inadequado de plástico causa a dispersão de microplásticos, que contaminam rios, oceanos, alimentos e até o corpo humano
Propostas da Abrecon para promover a economia circular na construção
A entidade sugere um conjunto de ações coordenadas:
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Separação e triagem dos resíduos plásticos diretamente nos canteiros de obras.
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Capacitação das equipes para garantir destinação correta.
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Parcerias estratégicas com recicladoras e cooperativas especializadas.
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Incentivo ao uso de materiais reciclados em novas construções.
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Fiscalização rigorosa no transporte e descarte dos resíduos da construção civil
“O plástico é um aliado da construção moderna. Mas, sem políticas claras de destinação, ele vira um passivo ambiental duradouro. Sustentabilidade não é só o material escolhido — é também o fim que ele terá. Isso é economia circular real.” — Rafael Teixeira
Conclusão
É fundamental transformar a forma como a construção civil lida com o plástico: da separação nos canteiros até a entrega final à reciclagem. Só assim o setor conseguirá reduzir a poluição, diminuir o desperdício e impulsionar uma economia circular real — com benefícios ambientais, sociais e econômicos.
Foto cedida: Abracon