
A divisão de criptomoedas da Robinhood está na mira do procurador-geral da Flórida, James Uthmeier, que abriu uma investigação formal para apurar se a plataforma teria feito afirmações enganosas ao se declarar como a corretora de criptomoedas com os “custos mais baixos” do mercado.
A principal preocupação gira em torno do modelo de payment for order flow (PFOF), em que a Robinhood recebe pagamentos de market makers para encaminhar as ordens dos usuários. Segundo críticos, esse sistema pode resultar em execuções de ordens menos vantajosas, ainda que o usuário não pague taxas diretas visíveis.
Modelo zero taxa pode mascarar custos indiretos
Embora a Robinhood se apresente como uma corretora de “zero comissões”, os investigadores apontam que a estrutura por trás das transações pode gerar custos ocultos. A prática funciona da seguinte forma:
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O cliente envia uma ordem de compra ou venda de criptoativos;
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A Robinhood encaminha essa ordem a um market maker, que paga uma taxa à plataforma;
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O market maker executa a ordem com um leve desvio no preço, gerando lucro – à custa do cliente.
Esse desvio pode significar menor retorno ou pagamento acima do valor de mercado, o que contradiz a promessa de ser a plataforma “com os menores custos”.
Subpoena exige dados detalhados até fim de julho
A investigação exige que a Robinhood entregue até 31 de julho uma série de documentos, incluindo:
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Material de marketing usado no estado da Flórida;
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Estratégias internas de precificação;
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Acordos comerciais com parceiros e market makers;
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Comparativos usados para declarar a plataforma como a mais barata;
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Comunicações com usuários e manuais de treinamento.
Robinhood responde: “Nossas divulgações são claras”
Em nota oficial, o advogado-geral da Robinhood, Lucas Moskowitz, defendeu a legalidade e transparência das práticas da empresa:
“As divulgações da Robinhood são de classe mundial. Informações sobre taxas, spreads e estrutura de receita estão disponíveis aos usuários antes, durante e após cada negociação.”
Ainda assim, o caso pode pressionar a empresa a revisar sua comunicação e práticas em outros estados.
Outras polêmicas recentes: staking e ativos tokenizados
A investigação na Flórida surge em um momento delicado para a Robinhood Crypto, que anunciou recentemente:
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Cobrança de 25% sobre rendimentos de staking de criptomoedas para clientes dos EUA — percentual superior ao da Gemini (15%) e igual ao da Coinbase na prática;
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Oferta na Europa de ativos tokenizados de empresas privadas como OpenAI e SpaceX, via veículos de propósito específico (SPVs). Os ativos não dão direito a voto nem a participação acionária real, o que gerou críticas da OpenAI.
Impacto no setor cripto
A ação do procurador-geral da Flórida pode estabelecer um precedente importante para outras plataformas que adotam o modelo “zero taxas”. Se comprovada a prática enganosa, a Robinhood poderá enfrentar multas, sanções e ser forçada a alterar sua forma de comunicação com o público.
Além disso, o caso reacende o debate sobre a necessidade de regulação mais rígida para exchanges de criptomoedas nos Estados Unidos, especialmente em relação à transparência dos custos e qualidade de execução.
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