
A Europa acaba de marcar um avanço significativo no cenário da computação quântica com a inauguração do PIAST-Q, o primeiro computador quântico adquirido pela rede EuroHPC (European High Performance Computing Joint Undertaking). Instalada no Centro de Supercomputação e Rede de Poznan, na Polônia, a nova máquina representa um investimento de 12,28 milhões de euros e será integrada ainda este ano ao ecossistema europeu de supercomputação, operando inicialmente com 20 qubits físicos.
Projetado para funcionar em conjunto com supercomputadores clássicos como o ALTAIR — e futuramente com o PIAST-AI —, o PIAST-Q será aplicado em áreas estratégicas como otimização quântica, química computacional, ciência dos materiais e aprendizado de máquina. Essa abordagem híbrida (quântica-clássica) não apenas expande o poder de processamento da infraestrutura científica europeia, mas também abre caminho para aplicações práticas em larga escala.
A instalação do PIAST-Q faz parte de um plano mais amplo da EuroHPC, que já aprovou a instalação de oito computadores quânticos em diferentes países do continente. Até o momento, seis países foram escolhidos como sede — Polônia, Alemanha, Espanha, França, Itália e República Checa — com Luxemburgo e Países Baixos entrando na lista em 2024. Esses equipamentos vão operar em rede e de forma colaborativa, reforçando a autonomia tecnológica europeia frente aos avanços dos Estados Unidos e da China.
Entre os destaques da nova geração de computadores quânticos da EuroHPC está o EuroQCS-Italy, que será instalado em Bolonha e terá capacidade de 140 qubits, sendo o mais potente do grupo. Outros equipamentos, como o JADE na Alemanha e o Ruby na França, devem operar com 100 qubits cada. A estratégia europeia inclui ainda dois simuladores analógicos quânticos, o que demonstra uma abordagem diversificada e complementar para acelerar a inovação neste campo emergente.
Embora Portugal não tenha sido contemplado com uma instalação própria, o país participa ativamente do consórcio EuroQCS-Spain por meio do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), sediado em Braga. O projeto é liderado pelo Centro Nacional de Supercomputação da Espanha (BSC) e envolve instituições como o Instituto de Física de Altas Energias (IFAE). O consórcio será responsável por metade do custo do projeto — avaliado em 8,5 milhões de euros — com o restante financiado pela União Europeia via EuroHPC.
Essa expansão da rede quântica continental reflete o compromisso europeu em liderar a próxima fronteira tecnológica global. Ao democratizar o acesso a sistemas quânticos robustos e fomentar colaborações transnacionais, a Europa se posiciona como protagonista na corrida pela computação do futuro — com impacto direto em setores industriais, científicos e estratégicos.
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