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Virgínia será palco da primeira usina de fusão nuclear conectada à rede elétrica do mundo

A corrida global por fontes de energia limpa e sustentáveis acaba de ganhar um novo capítulo promissor. A startup americana Commonwealth Fusion Systems (CFS) anunciou oficialmente que construirá na Virgínia, nos Estados Unidos, a primeira usina de fusão nuclear do mundo projetada para operar em escala de rede. A instalação, prevista para entrar em operação no início da próxima década, deverá gerar até 400 megawatts de energia — suficiente para abastecer aproximadamente 150 mil residências.

Esse marco posiciona a Virgínia como uma futura referência na nova era energética, segundo o CEO da CFS, Bob Mumgaard. A escolha do local foi estratégica: além de contar com uma economia em expansão e mão de obra especializada, a região abriga o James River Industrial Center — terreno de propriedade da Dominion Energy, que será alugado à CFS e contará com apoio técnico da companhia. Outro fator decisivo foi a capacidade de conexão à rede elétrica, viabilizada pela desativação recente de uma usina a carvão nas imediações.

A tecnologia de fusão nuclear — que replica o mesmo processo que alimenta as estrelas — ainda é cercada por desafios. O conceito envolve a união de átomos de hidrogênio em temperaturas altíssimas para liberar enormes quantidades de energia, utilizando uma máquina chamada tokamak, com formato semelhante a um donut. Diferente da fissão nuclear, amplamente usada hoje, a fusão não gera resíduos radioativos de longo prazo e é considerada uma fonte quase inesgotável e livre de emissões de carbono.

Ainda assim, sair do campo teórico e alcançar a viabilidade comercial continua sendo o grande obstáculo. A própria CFS reconhece a complexidade: “Nada acontece da noite para o dia na fusão”, comentou Mumgaard. A empresa, que nasceu em 2018 a partir de um projeto do MIT, já arrecadou mais de US$ 2 bilhões e está atualmente envolvida na construção de um tokamak experimental que pretende alcançar energia líquida de fusão — ou seja, gerar mais energia do que consome. O primeiro teste com plasma está previsto para 2026.

O objetivo da startup é ousado: construir, operar e conectar essa nova usina à rede elétrica, sendo a primeira de uma série planejada para abastecer uma demanda crescente. Isso é especialmente relevante em um cenário em que os data centers — grandes consumidores de energia — multiplicam sua presença. Estima-se que, até 2030, o consumo de eletricidade dessas estruturas nos EUA triplique, alcançando o equivalente à energia utilizada por cerca de 40 milhões de lares americanos.

Apesar do entusiasmo, especialistas como Jerry Navratil, professor da Universidade de Columbia, alertam que existe uma grande distância entre demonstrar o funcionamento da fusão e torná-la um sistema prático, seguro e licenciado para uso em larga escala. Ainda assim, o anúncio foi comemorado como um divisor de águas. Para o governador da Virgínia, Glenn Youngkin, trata-se de “um momento histórico para o estado e para o mundo”.

O mundo segue atento ao que poderá ser o nascimento da próxima grande revolução energética — e, se tudo correr como o planejado, esse novo futuro começará a ser escrito a partir da Virgínia.

Foto: Reprodução

Luiza Carneiro

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