
A SpaceX, empresa aeroespacial fundada por Elon Musk, se prepara para realizar mais um teste decisivo com sua poderosa nave Starship nesta terça-feira (27), às 20h30 (horário de Brasília), diretamente da recém-formalizada cidade de Starbase, no Texas (EUA). Este será o nono voo da nave mais potente já construída, com novidades que apontam avanços relevantes na estratégia de voos reutilizáveis da companhia.
Nesta missão, ainda sem tripulação, a Starship tentará pela primeira vez reutilizar o propulsor Super Heavy — que havia sido empregado no sétimo voo e passou por uma série de reparos. Segundo a SpaceX, apesar de contar com alguns componentes novos, a estrutura principal do propulsor permanece a mesma, agora adaptada para novos testes que visam aumentar a confiabilidade da nave. A missão também carregará oito simuladores de satélites da constelação Starlink, marcando mais um passo para validação do lançamento de cargas úteis.
O plano de voo prevê a separação entre o propulsor e a nave, seguida por uma manobra de retorno controlado do Super Heavy, com pouso no Golfo do México — também chamado de “Golfo da América” em documentos oficiais, após decreto do ex-presidente Donald Trump. Já a Starship deve atingir o espaço, liberar sua carga e retornar à base de captura, completando os principais objetivos técnicos do teste.
A trajetória da Starship tem sido marcada por desafios. Desde o voo inaugural em abril de 2023, quando o foguete explodiu ainda acoplado ao propulsor, a SpaceX já realizou oito voos de teste com diferentes graus de sucesso. Em novembro de 2023, no segundo lançamento, o Super Heavy explodiu pouco após se separar da nave. A FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA) identificou 17 melhorias a serem implementadas a partir daquele episódio.
Março de 2024 marcou um avanço significativo com o terceiro voo, que durou 50 minutos — o mais longo até então — apesar da destruição da nave no final da missão. Já em junho do mesmo ano, a SpaceX celebrou seu primeiro teste considerado bem-sucedido, com ambos os estágios pousando nos locais planejados. A quinta missão, realizada em outubro, levou a um feito inédito: o retorno do propulsor com captura em pleno ar pelos braços mecânicos da torre de lançamento. A nave, embora tenha explodido posteriormente, cumpriu seu papel esperado.
Nos voos seguintes, nem todos os planos foram executados integralmente. Em novembro de 2024, o foguete pousou no mar em vez de retornar à base. No entanto, em janeiro de 2025, a SpaceX conseguiu repetir a manobra de captura do propulsor. Infelizmente, a nave perdeu contato pouco antes do pouso, deixando destroços sobre o Haiti e exigindo o desvio de voos comerciais no Caribe.
O mesmo problema ocorreu no oitavo teste, em março deste ano, quando a nave perdeu comunicação cerca de dez minutos após o lançamento. Destroços foram avistados sobre as Bahamas, impactando temporariamente o tráfego aéreo — mais de 240 voos nos Estados Unidos foram afetados. Mesmo assim, a SpaceX reafirmou o sucesso parcial da operação ao realizar novamente a complexa manobra de captura do propulsor.
Agora, com a expectativa de mais um avanço técnico e foco total na recuperação dos dois estágios da nave, a SpaceX se prepara para um novo capítulo que pode consolidar sua posição na corrida pela reutilização eficiente de veículos espaciais. Elon Musk, como de costume, acompanha de perto a missão, que também conta com o olhar atento de figuras políticas — incluindo o presidente eleito Donald Trump, que esteve presente em lançamentos anteriores e anunciou que Musk será responsável por liderar um novo Departamento de Eficiência Governamental durante seu mandato.
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