
Você já se perguntou por que as letras do seu teclado parecem dispostas aleatoriamente, e não em ordem alfabética? A explicação remonta ao século XIX, quando o inventor americano Christopher Latham Sholes desenvolveu o layout QWERTY para solucionar um problema técnico das primeiras máquinas de escrever: o travamento das hastes mecânicas ao digitar rapidamente. Ao afastar as letras mais frequentemente usadas em sequência, ele reduziu o risco de colisões entre as peças. O padrão foi consolidado em 1873, quando a fabricante Remington passou a adotar o QWERTY em larga escala, marcando o início da hegemonia desse modelo, que hoje está presente na maior parte dos teclados do mundo — inclusive no Brasil, com a variação ABNT que incorpora a tecla “Ç”.
Mesmo com o avanço da tecnologia e o fim das limitações mecânicas que originaram o QWERTY, o padrão persiste, embora sua eficiência e ergonomia sejam frequentemente questionadas. Diversos layouts alternativos surgiram ao longo do tempo, como o Dvorak, Colemak e Workman, todos desenvolvidos com foco em maior conforto e agilidade na digitação. No entanto, essas opções esbarram em uma grande barreira: o custo de adaptação. A familiaridade com o QWERTY, somada à padronização de sistemas, atalhos e hardwares, torna difícil a adoção em larga escala de modelos mais “lógicos”. Em alguns países, como Alemanha e França, pequenas variações regionais — como o QWERTZ e o AZERTY — conseguiram espaço, mas nenhuma alternativa conseguiu desbancar a dominância global de um layout que, curiosamente, nasceu para resolver um problema que já nem existe mais.
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