
O agronegócio, tradicionalmente mais distante das discussões sobre cibersegurança, entrou de vez no radar dos criminosos digitais. Em 2025, os ataques de ransomware ao setor mais que dobraram em relação ao ano anterior, com 84 registros apenas no primeiro trimestre, segundo dados da Food and Ag-ISAC. A escalada de casos foi destacada na conferência RSA por Jonathan Braley, diretor da entidade, que alerta para o crescimento acelerado de incidentes e a falta de transparência das vítimas, dificultando a criação de estratégias de defesa coletivas.
O maior agravante, segundo especialistas, é a combinação de sistemas ultrapassados, operação contínua em regime just-in-time e prazos rígidos — um terreno fértil para os grupos de ransomware, como Cl0p, RansomHub e Akira, que se aproveitam da fragilidade tecnológica do setor. Um exemplo marcante foi o ataque milionário a um dos principais produtores de frango da África do Sul. Com o ransomware representando 53% dos incidentes cibernéticos no agro este ano, o contraste com outros setores mais digitalizados é evidente, e aponta para uma urgência crescente: modernizar o parque tecnológico e fortalecer as práticas de segurança digital antes que os danos se tornem irrecuperáveis.
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